Nossos Artigos


Ao recusar caracterizar, o Armindo define bem o espírito do que foi e, com razão, diz que é ser um "JT".Sem preconceitos ou inútil nostalgia. Fomos e somos a mistura e a diversidade, um todo e a individualidade. Assumimos as formas do estudante e do  operário que conhecia de cor a Carta dos Direitos do Homem. Somos cidadãos do Mundo com uma cultura "contra-cultura"  porque continua tudo por fazer. Daí nos mantermos insubmissos, inconformados e inadaptados apesar dos anos que vamos somando.

Fiz parte do grupo dos mais novos (Zéquita, Carlos "Morte", Amália, Ana Varejão, Romeu, o saudoso  Nicolau). Só mais tarde apercebemos o que foi o " Maio de 68", a "Guerra do Vietname" e a "Guerra Colonial". Esta afetou-nos diretamente, já que companheiros nossos, do Tony Peres ao Armindo, do Rua ao Diamantino, do Brilhante ao Arnaldo, entre outros, foram obrigados a participar. E também por ter tido o privilégio de fazer parte dos "JT", compreendi, talvez mais cedo do que outros da minha geração, que aquela, como outra qualquer guerra, não tinha sentido, não era nossa, do nosso povo ou da nossa terra, mas dos suspeitos do costume que, ainda hoje e apesar das esperanças fugazes das Abriladas e dos Obamas, persistem em comandar as nossas vidas, em condicionar o nosso quotidiano, impor-nos os telemóveis, os Corpos Danone ou o Actimel em jejum.

Batizado católico romano, indiferente por aculturação ou simplesmente agnóstico, nunca sofri qualquer pressão para ser coisa diferente por parte dos elementos que estiveram na origem do grupo, dos "protestantes", como eram reconhecidos nas redondezas do " antigo Lugar do Torne".

O acesso à informação livre no interior do Salão, escrita ou transmitida pelos mais velhos, foi moldando a minha personalidade à medida que passava da puberdade para a idade adulta. Recordo que ouvia atentamente as palavras do que me aparentava ser um Conselho de idosos sábios que parecia tudo saber sobre tudo, estimulando-me a curiosidade.

Recordo a destreza do Carlos "Morte" na copiadora a stencil e as lições que me deu para operar a infernal máquina que existia na Secretaria da Igreja Lusitana, na Rua 1º. de Maio, para imprimir o "Caderno Informativo". Recordo as lições de viola do David e do João e as aulas de inglês do Júlio.Recordo um amigo de uma vida, Espelho da Nação! Recordo que fomos jovens e reconheço que todos somos melhores do que seríamos se não nos tivéssemos tido uns aos outros.

José António Martins, 2010/09/06
           

1 comentário:

  1. Zé,
    Estou de acordo contigo. Infelizmente Portugal está nas maõs de gente cinzenta,mesquinha e corrupta. Alguns também viveram o Maio de 68, participaram no Prec, vestiram camisa de pescador e apregoavam " Os ricos que paguem a crise ",leram e defenderam as teses maoistas e marx/lenin..e vê onde foram param...E nós...ficamos a ver com o nosso sentido de revolta e impotentes de fazer (tentar) o nosso MUNDO MELHOR.
    Um grande abraço
    Antonio Brilhante
    Luanda 19/10/10

    ResponderEliminar