19 de setembro de 2010

Protestantes e insubmissos

A excelente reacção do Zé Martins ao artigo do Armindo, foi para mim muito educativa. Eu era do grupo dos “protestantes” natos, mas para mim e que eu tenha consciência para outros jovens “protestantes” nunca foi um factor classificativo dentro do salão.

Jovens do Torne eram aqueles que frequentavam o salão e mais ou menos activamente participavam nas suas iniciativas. E muito menos me passou pela cabeça a ideia de fazer qualquer pressão para “converter” alguém. Sim, nós recusávamos pôr etiquetas, até porque a nossa diversidade e motivações para fazer aquilo que fazíamos era demasiado divergente. O que é certo é que aquele espaço, era um lugar de liberdade num país oprimido politicamente, culturalmente e economicamente. Embora também isto não fosso um dado adquirido por todos os que frequentavam o salão, nem tão pouco todos se apercebiam das implicações daquilo que se fazia. Por isso ainda hoje me pergunto frequentemente: “será que nós estávamos conscientes do perigo que corríamos, quando em público cantávamos “Trovas ao vento que passa” ou líamos poemas como “Nambuangongo meu amor”.

Mas o que de facto ficou, fosse qual fosse o insidioso fluído que corria no salão, foi um grupo de gente inconformada com as explicações que são “politicamente correctas”. Outro grande feito e pensando bem no “background” económico e social de muitos jovens que frequentavam o salão, é que hoje muitos de nós estão melhor na sociedade do que esse mesmo “background” alguma vez poderia justificar.

Um grande abraço,

Júlio Castro

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